Especialistas debatem na ALESP a ampliação, conscientização e adesão à vacina contra HPV


Apesar do câncer de colo do útero ser uma doença evitável por meio do acesso ao exame de Papanicolau e à imunização contra o vírus HPV, este continua sendo no Brasil o tumor ginecológico mais comum. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que 16.710 mulheres devem receber o diagnóstico de câncer de colo do útero em 2021, o que o coloca como o mais incidente de todos os tumores ginecológicos.

Em audiências públicas virtuais da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) na quinta (26) e na sexta (27), discutiu-se, além de ampliar a cobertura vacinal, medidas que possam ser incorporadas no projeto de Lei 1012/2019, de autoria da deputada estadual Edna Macedo (Republicanos), que prevê a conscientização sobre as doenças provocadas pelo HPV, incluindo uma linguagem que seja, de fato, impactante para os jovens e, desta forma, sejam descontruídos mitos por meio de mensagens claras como “a vacina contra o HPV não é uma porta aberta para o sexo. É uma porta que se fecha para o câncer”.

A vacina contra o papilomavirus humano (HPV) é disponível no Sistema Único de Saúde para meninos e meninas, porém, segundo estudo da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), em 2020 a primeira dose da vacina HPV, cuja meta é de 80%, foi aplicada em cerca de 70% das meninas de 9 a 15 anos e em pouco mais de 40% dos meninos de 11 a 14 anos. Na segunda dose, os índices foram de aproximadamente 40% e 30%.

Dados do estudo EVITA realizado pelo grupo EVA em parceria com o LACOG, demonstrou alguns motivos mais frequentemente relatados para a não realização do Papanicolau: falta de vontade em 46,9%, vergonha ou constrangimento em 19,7% e falta de conhecimento em 19,7%. Este estudo também demonstrou que a baixa adesão ao papanicolaou está associada a disparidades sociais, menor renda, nível educacional e parceiro estável. Dessa maneira, a conscientização é importantíssima e o conjunto de ações: vacina contra HPV, papanicolaou e tratamento precoce, são capazes de salvar vidas de mulheres, na sua maioria jovens e economicamente ativas.

A oncologista clínica Andréa Paiva Gadelha Guimarães, coordenadora da área de apoio ao paciente (advocacy) do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), chamou a atenção para o fato de haver muitas discrepâncias e gargalos e, por conta disso, é necessário encontrar soluções para se ter a melhor e mais abrangente proposta de Lei possível, podendo assim salvar vidas de mulheres, assim como de homens, pois o HPV está relacionado com câncer de pênis, ânus e na região de cabeça e pescoço”, destaca.

A deputada Edna Macedo ressaltou que o objetivo com esse debate na ALESP é formular uma política pública estadual que norteie e uniformize os procedimentos de conscientização, prevenção, diagnóstico e tratamento. “E, cada vez mais, queremos levar essa informação para dentro das igrejas, pois é muito grande o tabu religioso em torno deste tema”, afirma.

No Brasil, observa a oncologista clínica Daniela de Freitas, a maioria dos casos de câncer de colo do útero é de doença localmente avançada, o que demanda tratamento multidisciplinar e multimodal, radioterapia, cirurgia e abordagem sistêmica (quimioterapia e terapias-alvo), o que torna o processo mais complexo, de alto custo e com menores taxas de cura. “O trabalho de conscientização deve começar pela prevenção, pois as ferramentas que evitam o câncer de colo do útero são conhecidas e estão aí, para que a população as conheça, se conscientizem sobre a importância delas e, acima de tudo, tenha acesso”, ressalta Daniela, oncologista clínica do Grupo EVA, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e do Hospital Sírio-Libanês.

Angélica Nogueira Rodrigues, oncologista clínica, ex-presidente do EVA e mestra em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destaca que os primeiros passos importantes foram a união de sociedades médicas em torno da mesma causa, por meio do movimento Brasil sem câncer de colo do útero e o fato da Organização Mundial da Saúde ter levantado essa bandeira da erradicação da doença no mundo, o que torna essa campanha não de uma ou outra entidade nacional, mas sim uma causa mundial.

Sobre o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) – O EVA é uma fundação sem fins lucrativos, composta em sua maioria por médicos, que tem como missão o combate ao câncer ginecológico. Seu time, multiprofissional, atua com foco na educação, pesquisa e prevenção, assim como promove apoio e acolhimento às pacientes e familiares.

A idealização e a organização do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos foram iniciadas pela oncologista clínica Angélica Nogueira Rodrigues, no Hospital do Câncer II do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A primeira reunião ocorreu em 12 de março de 2010 e o nome Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos passou a ser utilizado a partir desta data.

A primeira reunião para nacionalização do grupo ocorreu no Congresso da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), em 2013, na cidade de Brasília. O nome EVA foi resultado de uma reunião neste evento e foi sugerido pela oncologista clínica, coordenadora da área de apoio ao paciente (advocacy) do grupo, Andréa Paiva Gadelha Guimarães. O oncologista clínico Fernando Cotait Maluf é o diretor-presidente do EVA na gestão 2021-2022.

Matéria completa: https://www.abcdoabc.com.br/abc/noticia/especialistas-debatem-alesp-ampliacao-conscientizacao-adesao-vacina-contra-hpv-132755

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